O Fórum público virtual é efetivamente público?
DOI:
https://doi.org/10.71381/vr1jcw95Palavras-chave:
Liberdade de expressão, Plataformas digitais, Constitucionalismo digitalResumo
O presente artigo analisa a natureza e os desafios jurídicos decorrentes da transferência do fórum público tradicional para o ambiente digital, especialmente no contexto das redes sociais. A partir da teoria da funcionalização do direito de Norberto Bobbio e do debate contemporâneo sobre constitucionalismo digital, investiga-se de que modo as plataformas privadas, sob a lógica da economia da atenção, passaram a exercer funções normativas, impondo regras, critérios de moderação e controle de conteúdo de forma opaca e unilateral. O trabalho aponta os riscos desse poder privado para a liberdade de expressão e o pluralismo informacional, bem como a insuficiência dos atuais mecanismos de regulação. Por fim, propõe-se a construção de uma governança democrática das plataformas digitais, capaz de assegurar o respeito aos direitos fundamentais e a função pública desses espaços virtuais
Referências
ALCÂNTARA, Pedro Henrique G. de. Outras formas de entender a democracia: as teorias da participação e da deliberação. Jundiaí: Paco Editorial, 2019.
BALKIN, Jack M. Free Speech in the Algorithmic Society: Big Data, Private Governance, and New School Speech Regulation. UC Davis Law Review, Davis, Califórnia, v. 51, n. 3, p. 1149–1210, 2018. https://doi.org/10.2139/ssrn.3038939
BARROSO, Luís Roberto. Inteligência artificial, plataformas digitais e democracia: direito e tecnologia no mundo atual. Belo Horizonte: Fórum, 2024.
BARROSO, Luna Van Brussel. Liberdade de expressão e democracia na era digital: o impacto das mídias sociais no mundo contemporâneo. 1. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2022.
BELLI, Luca; SAPPA, Cristiana. The intermediary conundrum: Cyber-Regulators, cyber-police or both? JIPITEC (Journal of Intellectual Property, Information Technology and E-Commerce Law), Frankfurt, v. 8, n. 3, p. 183–198, 2017.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
BOBBIO, Norberto. Da estrturua à função: novos estudos de teoria do direito. trad. Daniela Beccaccia Versiani. Barueri: Manole, 2007.
DANTAS, Miguel Calmon; CONI JUNIOR, Vicente. Constitucionalismo digital e liberdade de reunião virtual: protesto e emancipação na sociedade da informação. Revista de Direito, Governança e Novas Tecnologias, Brasília, v. 3, n. 1, p. 44–65, 2017.
DI FELICE, Massimo. A cidadania digital: a crise da ideia ocidental de democracia e a participação nas redes digitais. São Paulo: Paulus, 2020.
GARGARELLA, Roberto. El derecho a la protesta: el primer derecho. Buenos Aires: Ad-Hoc, 2014.
GILLESPIE, Tarleton. Governance of and by platforms. In: BURGESS, Jean; POELL, Thomas; MARWICK, Alice (orgs.). SAGE Handbook of Social Media. Los Angeles: SAGE, 2017.
HAN, Byung-Chul. Infocracia: digitalização e a crise da democracia. trad. Gabriel S. Philipson. Petrópolis: Vozes, 2022.
JANKOWICH, Andrew. Eulaw: the complex web of corporate rule-making in virtual worlds. Tulane Journal of Technology and Intellectual Property, New Orleans, v. 8, p. 1–58, 2006.
KLONIC, Kate. The new governos: the people, rules, and processes governing online speech. Harvard Law Review, v. I, n. 13, p. 1598-1670.
MANHEIM, Karl; KAPLAN, Lyric. Artificial Intelligence: Risks to Privacy and Democracy. the Yale Journal of Law & Technology, New Haven, v. 21, n. April 2018, p. 106–188, 2019.
MATOS, Andityas Soares de Moura Costa. A multidão contra o Estado: rumo a uma comunidade inapropriável. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 108, p. 145–184, jan. 2014. https://doi.org/10.9732/p.0034-7191.2014v108p145.
MOLINA, Fernanda Zampieri; BARRETO JUNIOR, Irineu Francisco. Capitalismo de plataforma: a ameaça ao direito à autodeterminação informativa na Sociedade da Informação. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 125, p. 243–278, 2022. https://doi.org/10.9732/2022.V125.852.
OSÓRIO, Aline. Direito eleitoral e liberdade de expressão. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2022.
PAÚLS, Beatriz Gallardo. Usos políticos del lenguaje: un discurso paradójico. Barcelona: Anthropos Editorial, 2014.
PEREIRA FILHO, Rainel Batista. Redes sociais e limites à liberdade de expressão: novos desafios para a democracia na era da informação. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2022.
PINHEIRO, Joel. Fake news e o futuro da nossa civilização. In: BARBOSA, Mariana (org.). Pós-verdade e fake news: reflexões sobre a guerra de narrativas. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
RODOTÁ, Stefano. A vida na sociedade da vigilância: a privacidade hoje. Rio de Janeiro: Renovar, 2008.
SEGURADO, Rosemary. Desinformação e democracia: a guerra contra as fake news na internet. São Paulo: Hedra, 2021.
TRINDADE, André Karam; ANTONELO, Amanda. Constitucionalismo digital: um convidado (in)esperado. Revista Brasileira de Direito, Passo Fundo, v. 18, n. 1, p. 1–22, 2023. https://doi.org/10.18256/2238-0604.2022.v18i1.4816.
WIELSCH, Dan. Os ordenamentos das redes: termos e condições de uso - código - padrões da comunidade. In: ABBOUD, Georges; NERY JUNIOR, Nelson; CAMPOS, Ricardo (orgs.). Fake news e regulação. 3. ed. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2021. p. 105–134.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista Justiça Eleitoral em Debate

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.